terça-feira, 14 de maio de 2024

Chicago - “Free” / “Free Country”


Chicago
“Free” / “Free Country”
CBS
1971

Um dos melhores exemplos de uma “rock and roll band” na história da música é precisamente os “Chicago”, esse grupo que nasceu no Illinois e que desde 1967 tem sido uma verdadeira Instituição, que nos tem oferecido uma das mais belas viagens musicais que conheço, tendo descoberto, curiosamente, este grupo nas célebres “Jukebox” que andavam por aí nas décadas de 60/70.

Tenho de confessar que o tema “Free” dos Chicago, da autoria de Robert Lamm, incluído no álbum “Chicago III” e fazendo parte da suite “Travel”, tal como sucede com o lado B do single intitulado “Free Country”, foi descoberto na “Jukebox” que havia nas instalações do Motel de Oeiras, hoje em dia pertencente ao Inatel e que se encontrava, na época, na zona de jogos. Colocava-se uma moeda e escolhia-se o disco/tema e quando entrei na sala para jogar estava a tocar o “Free” e pouco depois, quando a sala ficou de novo inundada pelos ruídos dos jogos vídeo, eu invadi o espaço novamente com o “Free” dos Chicago!

Só me recordo de voltar a usar uma “Jukebox” para escutar as minhas músicas favoritas já no período liceal, quando íamos até ao Parque Mayer para jogar matraquilhos ao “perde/paga” e enquanto jogávamos íamos escutando as nossas músicas favoritas dos grupos rock dessa primeira metade da década de setenta do século xx.

Regressando aos Chicago, de referir que esta banda de Rock and Roll apenas numerava os álbuns ou seja havia o álbum de estreia “Chicago Transit Autority” e a partir de então foi sempre de “Chicago II” a “Chicago XXXVI” (datado de 2014) e pelo meio temos meia dúzia de outros títulos icónicos de álbuns como o célebre “Chicago Christmas”. Uma banda que nos ofereceu sempre o melhor do “rock and rol” com uma secção de metais fabulosa!

Rui Luís Lima

Charlie Haden / Egberto Gismonti - "In Montreal"


Charlie Haden / Egberto Gismonti
"In Montreal"
ECM Records
1998

Charlie Haden - double bass.
Egberto Gismonti - guitar, piano.

Um encontro fabuloso entre estes dois intérpretes e compositores, que nos oferecem temas bem nossos conhecidos mas agora no formato de dueto, transformando de forma simples em peças únicas da sua ourivesaria musical!

Cinco estrelas!

Rui Luís Lima

Creedence Clearwater Revival - “I Put A Spell On You” / “Walk On The Water”


Creedence Clearwater Revival
“I Put A Spell On You” / “Walk On The Water”
Single / 45 RPM.
Ameriva Records
1969

Quando Jay Hawkins escreveu em 1956 a letra de “I Put A Spell On You”, ainda eu não sonhava nascer, nem quando comprei o single dos Creedence Clearwater Revival em 1969 na discoteca da “Casa Africana”, sabia que estava perante um tema que viria a ser tão célebre, que no milénio seguinte o Jeff Beck lhe iria “emprestar” os seus célebres solos de guitarra, na companhia da Joss Stone, nem que a Annie Lennox iria fazer uma “cover” memorável como é “politicamente correcto” dizer hoje em dia, embora eu continue a preferir a palavra “versão”, para já não falar nas “leituras” que o romântico Bryan Ferry e a Nina Simone fizeram da canção de Jay Hawkins.

Creedence Clearwater Revival

Este inesquecível blues, em forma de balada, permanece um dos mais célebres temas dos Creedence Clearwater Revival, que até o cantaram no célebre Festival de Woodstock e a famosa revista Rolling Stone colocou-a na lista das 500 memoráveis canções de sempre.

Naquele dia em que arrastei a minha avó para a discoteca da “Casa Africana”, já levava na ponta da língua o nome da canção que pretendia e o nome do grupo, que descobrira na salinha de música do meu Padrinho por onde navegavam também os Pink Floyd e os Santana entre outros grupos.

Depois, ao chegar a casa, ouvi pela primeira vez uma frase que seria repetida ao longo dos anos, pela minha querida avó: baixa um pouco a música.

A formação dos Creedence Clearwater Revival era assim constituída:

John Fogerty – Voz, Guitarra, Teclados, Harmonica e Saxofone.
Tom Fogerty – Guitarra.
Stu Cook – Baixo.
Doug Clifford – Bateria.

Os dois temas deste single foram retirados do primeiro álbum da banda que incluía ainda esse super-hit intitulado “Suzie Q”!

Rui Luís Lima

Kraftwerk - “Autobahn”


Kraftwerk
“Autobahn”
Vertigo
1974

Florian Schneider - vocals, electronic.
Ralf Hutter - vocals, electronics.
Klaus Röder - violin, guitar.
Wolfgang Flür - percussion.

1 - Autobahn
2 - Kometenmelodie 1
3 - Kometenmelodie 2
4 - Mitternacht
5 - Morgenspaziergang

Kraftwerk

Os Kraftwerk, criadores da tecno-pop, com referências à música barroca nos seus primeiros trabalhos, mas seria com o célebre álbum “Autobahn” , que o grupo de Ralf Hutter e Florian Schneider descobriu o sucesso, depois “Rádio Activity” e “Trans Europe Express” (este último com uma homenagem a Franz Schubert) incorporaram a sua música robótica nos tops, como muitos devem estar recordados. “Man Machine” e “Computer World” ofereceram-lhes definitivamente o estatuto de estrelas, sendo o seu “Electric Cafe”, infelizmente pouco conhecido, um dos mais belos exercícios musicais, com uma filosofia própria, já bem patente nas obras anteriores.

Após o lançamento do “The Mix” onde são revisitados os seus trabalhos, os Kraftwerk demonstraram serem eles os pais da tecno-pop, revelando um saber e uma criatividade incontornáveis.

Rui Luís Lima

The Beatles - “Beatles VI”


The Beatles
“Beatles VI”
Capitol Records
1965

Sem qualquer falha de memória, posso afirmar que este álbum dos “The Beatles” foi o primeiro LP que tive na vida e surgiu “lá por casa” num aniversário de um digito nesse ano de 1966, oferta da minha mãe e que teve um enorme sucesso junto do filho, que estava doido de contente com a prenda.

The Beatles

O álbum “Beatles VI” esteve na época durante seis semanas em primeiro lugar na célebre tabela de álbuns do “Billboard” e ao ser lançado nos Estados Unidos encontrou uma excelente recepção, a que se deve também ao facto de o quarteto de Liverpool oferecer aqui três temas bem conhecidos dos norte-americanos, com novas roupagens ou seja três “covers” como é politicamente correcto, embora eu prefira a palavra versão, que certamente um dia destes deixa de existir na língua portuguesa, refiro-me aos temas “Bad Boy” e “Dizzy Miss Lizzy”, este último bem famoso da autoria de Larry Williams e a célebre canção “Words of Love” de Buddy Holly.

Rui Luís Lima

Cluster - “Sowiesoso”


Cluster
“Sowiesoso”
Sky Records
1976

Hans-Joachim Roedelius . music
Dieter Moebius - music.

1- Sowiesoso - 8:10
2 - Halwa - 2:45
3 - Dem Wanderer - 3:50
4 - Umleitung - 3:25
5 - Zum Wohl - 6:50
6 - Es War Einmal - 5:25
7 - En - Ewigkert - 7:10

Cluster

Os Cluster de Dieter Moebius e Hans-Joachim Rodelius desenvolveram uma discografia de uma beleza absoluta ao longo do tempo, sendo o trabalho do produtor Conny Plank demasiado importante para nos esquecermos dele.

Quando escutamos os seus álbuns, “After the Heat” e “Cluster & Eno”, “Sowiesoso”, o genial quarto álbum da banda, ou o inesquecível “Zuckerzeit”, os dois primeiros em colaboração com esse mago da música ambiental chamado Brian Eno, descobrimos na música criada pelos Cluster, no seu célebre Estúdio, situado na famosa Floresta Negra, um universo mágico e transcendental que nos convidam à meditação, tal como sucedia quando estes dois músicos faziam parte dos “Harmonia”, na companhia do guitarrista Michael Rother, que viria a optar por uma carreira a solo.

Rui Luís Lima

Crosby, Stills, Nash & Young - "Looking Forward"


Crosby, Stills, Nash & Young
"Looking Forward"
Reprise Records
1999

Quando nos recordamos dos Crosby, Stills, Nash & Young de imediato nos vem à memória o celebre "Déja Vú", mas este fabuloso "Looking Forward" também não lhe fica atrás na qualidade musical e poética destes quatro nomes grandes da Música Popular Anglo-Americana!

Rui Luís Lima

Egberto Gismonti - “Sol do Meio Dia”


Egberto Gismonti
“Sol do Meio Dia”
ECM Records
1978

Egberto Gismonti – 8-string guitar, kalimba, piano, wood flutes, voice, bottle.
Nana Vasconcelos – percussion, berimbau, tama, corpo, voice, bottle. (track 2, 3 e 5)
Ralph Towner – 12-string guitar, bottle. (track 1 e 5)
Collin Walcott – tabla, bottle.(track 2 e 5)
Jan Garbarek – soprano saxophone (track 5)

1 – Palácio de Pinturas (Construção da Aldeia)– 5:33
2 – Raga (Festa da Construção) – 8;48
3 – Kalimba (Lua Cheia) – 5:14
4 – Coração (Saudade) – 5:58
5 –
A – Café (Procissão do Espírito)
B – Sapain (Sol do Meio Dia)
C – Dança Solitária Nº.2 (Voz do Espírito)
D – Baião Malandro (Fogo na Mata / Mudança)
Tempo Total – 24:50

Após o sucesso do álbum “Dança das Cabeças”, que de certa forma revelou ao universo musical a genialidade de Egberto Gismonti, seguiu-se um trabalho que irá cruzar as raízes bem brasileiras do músico com correntes jazzísticas que se revelaram num verdadeiro encantamento e referimo-nos a essa viagem musical que ocupa na íntegra o lado B do álbum “Sol do Meio-dia” e onde iremos encontrar logo no início Jan Garbarek nos saxofones, Ralph Towner na guitarra ao lado de Egberto Gismonti, no tema Café, evoluindo posteriormente a música para outras paragens e culturas, onde iremos reencontrar Nana Vasconcelos e Collin Walcott, dois músicos de eleição nos seus instrumentos, que infelizmente já partiram, mas que nos deixaram o testemunho da sua genialidade em diversas gravações.

Egberto Gismonti

Já no lado A deste álbum encontramos duetos, trios e solos maravilhosos. “Palácio das Pinturas” oferece-nos um dueto entre as guitarras de Egberto Gismonti e Rakph Towner, seguindo-se um trio em que descobrimos Egberto Gismonti, Nana Vasconcelos e Collin Walcott, na sua famosa tabla, sendo este diálogo pontuado pela percussão de Nana Vasconcelos, para entrarmos depois nas raízes mais profundas da Amazónia num dueto entre Gismonti e Vasconcelos, onde não faltam a kalimba, a flauta e o berimbau, encerrando-se este ciclo com as belas sonoridades do piano, tocado por Egberto Gismonti.


A música deste álbum é dedicada por Egberto Gismonti aos índios Sapain e Xingu, cujos ensinamentos se revelaram de enorme importância para o músico brasileiro, durante o período que passou com eles no interior da Selva Amazónia, segundo nos confessa o músico e compositor num belo texto, inserido no álbum “Sol do Meio Dia”, que se revela um dos mais belos de toda a discografia de Egberto Gismonti.

Gravado em Novembro de 1977 no Talent Studio, Oslo, por Jan Erik Kongshaug. Fotografias de Egberto Gismonti. Layout de Barbara Wojirsch. Produção de Manfred Eicher. Todos os temas são da autoria de Egberto Gismont

Rui Luís Lima

Laraaji - "Day of Radiance" - (Ambient 3)


Laraaji
"Day of Radiance" - (Ambient 3)
Editions EG
1980

Laraaji – zither, dulcimer, synthesizer, bells.

1 – The Dance # 1 – 9:06
2 – The Dance # 2 – 9:39
3 – The Dance # 3 – 3:15
4 – Meditation # 1 – 18:42
5 – Meditation # 2 – 7:50

O nome deste extraordinário músico, nascido em Filadélfia, é na verdade Edward Larry Gordon, mas adoptou o nome artístico de Laraaji; após estudos musicais, decidiu partir para essa grande Metrópole chamada New York e depois de comprar uma cítara, de que gostou muito, numa loja de penhores, desenvolveu diversas experiências musicais com este instrumento e começou a tocar nas ruas e parques da Big Apple e seria precisamente desta forma que Brian Eno, que na época vivia em New York, o irá descobrir num desses concertos ao ar livre para esse pequeno auditório que por ali ía passando e após escutar a sua música, Brian Eno deixou o seu cartão no estojo do instrumento que se encontrava no chão (outras versões referem que foi no chapéu de Laraaji), esperando por esses pequenos valores monetários que aquecem a vida.

Laraaji
(Edward Larry Cohen)
(1943)

Deste encontro entre os dois músicos irá nascer o hipnótico álbum “Day of Radiance” – Ambient 3, produzido por Brian Eno, que será dividido em duas partes bem distintas.

No lado A (estamos na época do vinil – 1980) surge o ciclo “The Dance” composto de três temas, em que a cítara de Laraaji é trabalhada em Estúdio por Eno, conduzindo-nos por diversos movimentos rítmicos sobrepostos de grande intensidade e beleza.

Já no lado B de “Day of Radiance” surge o ciclo “Meditation”, composto de dois andamentos ou faixas, se preferirem, uma delas bastante longa, em que somos conduzidos precisamente a essa meditação, que irá celebrizar os futuros trabalhos do músico, através da combinação de diversas sonoridades nascidas de um conjunto de instrumentos como sintetizadores, cítara, precursão e guitarra, que nos irão levar a esse território denominado hoje em dia por “New Age”, e do qual Laraaji e Brian Eno com o álbum “Day of Radiance” – Ambient 3, foram os verdadeiros percursores deste género musical, tão do agrado de uma determinada geração.

Rui Luís Lima

Chick Corea / Gary Burton - “Lyric Suite For Sextet”


Chick Corea / Gary Burton
“Lyric Suite For Sextet”
ECM Records
1983

Uma das fórmulas musicais que celebrizaram o trabalho de Manfred Eicher como produtor à frente da editora alemã ECM Records, foi precisamente os álbuns de duetos no interior do jazz e se muitos ainda hoje guardam na memória trabalhos como “Ruta And Daitya”, que nos oferecia Keith Jarrett e Jack DeJohnette ou os dois trabalhos discográficos, “Sargasso Sea” e “Five Years Later”, que juntaram Ralph Towner e John Abercrombie ou ainda o surpreendente “Dança das Cabeças”, que nos convidava a descobrir o universo de Egberto Gismonti e Nana Vasconcelos, entre outros belos “duelos” no interior do jazz, terminando por ser um dos mais belos momentos do jazz de câmara.

Chick Corea
(1941 - 2021)

Mas os mais célebres de todos os duetos serão os "encontros" que nos foram proporcionados pelo pianista Chick Corea e o vibrafonista Gary Burton, que logo no seu primeiro álbum intitulado “Crystal Silence”, surpreenderam o universo musical em 1972, para seis anos depois surgirem de novo num trabalho que iria dar continuidade ao anterior, que foi baptizado simplesmente de “Duet”, corria então o ano de 1978 e a ECM Records afirmava-se já como a mais original editora europeia de jazz.

Cinco anos depois, ou seja em 1983, os dois músicos decidiram surpreender-nos novamente e desta feita apelaram à contribuição de um quarteto de cordas, constituído por Ikwhan Bae e Carol Shive nos violinos, Karen Dreyfus na viola e Fred Sherry no violoncelo e assim Chick Corea ofereceu-nos uma das mais belas obras discográficas da sua longa carreira musical, o trabalho “Lyric Suite For Sextet”.

Gary Burton
(1943)

São sete belos temas todos bem diferentes, mas que se escutam como um todo, havendo espaço para todos brilharem, seja em dueto piano e vibrafone, solo de um dos dois intervenientes ou através das texturas criadas pelos instrumentos de cordas.

No entanto, seria injusto não destacar o romantismo do tema “Brasília”, a mais bela de todas as composições criadas por Chick Corea para este álbum, de um lirismo absoluto e que vos convido a descobrir.

Gravado a 1 de Setembro de 1983, “Lyric Suite For Sextet” de Chick Corea e Gary Burton revela-se um belo encontro entre dois géneros musicais oriundos de áreas bem distintas: o jazz e a denominada música erudita.

Rui Luís Lima

Fripp & Eno - "No Pussyfooting"


Fripp & Eno
"No Pussyfooting"
E.G. Records
1973

Robert Fripp – electric guitar, acoustic guitar.
Brian Eno – synthesizer, keyboards, treatments.

1 – The Heavenly Music Corporation – 20:52
2 – Swastika Girls – 18:58
3 – The Heavenly Music Corporation (Reversed) – 20:52
4 – The Heavenly Music Corporation (Half Speed) – 41:49
5 – Swastika Girl (Reversed)

Brian Eno & Robert Fripp

Quando, em 1973, o guitarrista dos King Crimson Robert Fripp e Brian Eno, que na época tinha lançado o brilhante “Here Come The Warm Jets”, juntaram esforços e criaram o álbum “No Pussyfooting”, muitos ficaram surpreendidos por estarem perante uma música até então desconhecida.

O álbum que é composto apenas por duas faixas, ”The Heavenly Music Corporation” no lado 1 e “Swastka Girls” no lado 2, do antigo vinil, oferece uma viagem por territórios até então nunca explorados.

Brian Eno & Robert Fripp
(nos dias de hoje!)

Tudo nasceu no famoso Estúdio de Brian Eno, onde a manipulação dos sons através das guitarras e sintetizadores, criados de forma intensa e envolvente, com diversos loops a serem trabalhados na mesa de gravação, origina o sistema que Robert Fripp irá intensificar anos mais tarde denominando-o de Fripptronics e que irá dar origem a esse fabuloso trabalho a solo do guitarrista, intitulado “Let The Power Fall”, surgindo um dos temas desse álbum mítico na banda sonora da película “Subway Riders” / “Viajantes da Noite” de Amos Poe. Que se estreou entre nós no cinema Quarteto.

Muitos anos depois, o som denominado Fripptronics pelo guitarrista irá dar lugar ao famoso Soundscapes, nascido no álbum “1999”, “Soundscapes” esses que serão desenvolvidos ao longo de diversos trabalhos discográficos, por Robert Fripp.


As sonoridades surgidas em “No Pussyfooting” reflectem estruturas melódicas e discordantes invadindo o espaço, ao mesmo tempo que os solos vão surgindo devidamente integrados.

Em 2008 surgiu no mercado um duplo cd, com uma nova versão, contendo o disco original de 1973 e assistindo-se a diversas manipulações do mesmo na mesa de gravação, sendo possível escutar os dois temas em sentido inverso, ou seja do final para o início, ao mesmo tempo que nos é oferecida uma espécie de nova versão de “The Heavenly Music Corporation” a “meia-velocidade”, aumentando a sua duração para o dobro, criando desta forma novas sonoridades, que alteram de forma profunda a estrutura musical.

“No Pussyfooting” de Fripp & Eno permanece uma das experiências mais inovadoras de sempre, levadas a cabo por estes dois músicos de excelência, revelando um vanguardismo que supera a passagem do tempo, permanecendo um verdadeiro trabalho de culto.

Rui Luís Lima

Nana Vasconcelos - “Saudades”


Nana Vasconcelos
“Saudades”
ECM Records
1979

Nana Vasconcelos – berimbau, percussion, voice, gongs.
Egberto Gismonti – super 8 string guitar
Membros da Radio Symphony Orchestra, Stuttgart, dirigidos por Mladen Gutesha.

1 – O Berimbau – 18:55
2 – Vozes (Saudades) – 3:12
3 – Ondas (Na óhlos de Petronila) – 7:52
4 – Cego Aderaldo – 10:31
5 – Dado – 3:36

Nana Vasconcelos

Após a chegada de Nana Vasconcelos à editora ECM Records, através do álbum de Egberto Gismonti, “Dança das Cabeças”, o produtor Manfred Eicher criou um dos trios mais inovadores do universo multi-étnico intitulado simplesmente Codona, um nome nascido das primeiras letras do nome dos seus membros: Colin Walcott, Don Cherry e Nana Vasconcelos. Depois encontrámos Nana Vasconcelos, o maior percussionista da música popular brasileira, em gravações com o Pat Metheny Group, o Jan Garbarek Group, Arild Andersen, Pierre Favre e na companhia do seu compatriota Egberto Gismonti, todos eles magníficos. Mas o que nos interessa aqui é o seu incontornável trabalho discográfico em nome próprio, intitulado “Saudades”.

Egberto Gismonti & Nana Vasconcelos

O primeiro tema do álbum “Saudades”, denominado “Berimbau”, em que Nana Vasconcelos toca este famoso instrumento bem brasileiro de forma única, revela-se o tema preponderante do lado A do álbum de vinil, já que o iremos encontrar a navegar na companhia da Radio Symphony Orchestra de Stutgart, dirigida por Mladen Gutesha, sendo a respectiva orquestração assinada por Egberto Gismonti, que por outro lado iremos encontrar no conhecido tema “Cego Aderaldo” no lado B do álbum, que abre com o tema “Ondas (Na óhios de Petronila)” em que Nana Vasconcelos utiliza também a voz e o corpo como instrumento musical, de forma verdadeiramente inesquecível.

Nana Vasconcelos
(1944 - 2016)

Nunca como aqui Nana Vasconcelos foi o “dono e senhor” do Estúdio de gravação, com a cumplicidade de Manfred Eicher e Egberto Gismonti, nesse mês de Março de 1979, algo de que irá dispôr novamente quando o produtor alemão os convidar para gravarem o trabalho “Duas Vozes”, seis anos depois da feitura deste genial “Saudades”, em que Nana Vasconcelos toca berimbau, percussão e gongs, usando também a voz e o corpo como instrumento.

Gravado em Março de 1979 no Tonstudio Bauer, Ludwigsburg por Martin Wieland. Fotografias de Roberto Masotti. Design da capa da responsabilidade de Horst Moser. Produção de Manfred Eicher. Todos os temas são da autoria de Nana Vasconcelos excepto o tema 4 composto por Egberto Gismonti. Os arranjos orquestrais são da autoria de Egberto Gismonti.

Rui Luís Lima

Peter Baumann - "Machines of Desire"


Peter Baumann
"Machines of Desire"
Bureau B
2016

"Machines of Desire" marca o regresso de Peter Baumann ao interior da música electrónica, recordando por vezes precisamente o seu álbum de estreia, a solo, "Romance 76", poderemos dizer que o filho pródigo regressa a casa, bem inspirado, musicalmente falando.

Rui Luís Lima

Joan Baez - "From Every Stage"


Joan Baez
"From Every Stage"
A&M Records
1976

"From Every Stage" é o mais célebre registo ao vivo de um concerto de Joan Baez, que neste duplo álbum, na edição de vinil, surge no disco 1 apenas acompanhada pela sua guitarra e incontornável voz, para depois no disco 2 subir ao palco com a sua banda viajando pelos temas mais célebres da sua careira musical, terminando com o famoso "Amazing Grace". "From Every Stage" revela-se um álbum incontornável na longa discografia de Joan Baez.

Rui Luís Lima

Harold Budd with Zeitgeist - “She Is a Phanton”


Harold Budd with Zeitgeist
“She Is a Phanton”
New Albion
1994

Harold Budd – piano.
Jay Johnson – marimba, percussion.
Heather Barringer – vibraphone, percussion.
Tom Linker – piano, synthesizer.
Bob Semirotto – Woodwind.

Harold Budd

Uma pequena pérola contemporânea, onde Harold Budd ainda nos oferece um pouco da sua poesia em quatro temas, que nos convidam a meditar sobre este mundo em que vivemos. Recorde-se que em alguns dos seus trabalhos musicais são incluídos poemas da sua autoria, infelizmente Harold Budd deixou-nos em 2020, mas a sua música é intemporal!

Rui Luís Lima

Brian Eno & J. Peter Schwalm - "Drawn From Life"


Brian Eno & J. Peter Schwalm
"Drawn From Life"
Astralwerks / Virgin
2001

Em “Drawn From Life”, Brian Eno e Jan Peter Schwalm introduzem ritmos, em que o jazz e a electrónica andam de mãos dadas, ao mesmo tempo que descobrimos as célebres vocalizações de Laurie Anderson em algumas das faixas do disco, transformando decididamente este álbum, tal como sucedera quando Laurie Anderson colaborou com Jean-Michel Jarre, no soberbo “Zoolook”, um verdadeiro oásis no interior da discografia do conhecido músico francês.

Brian Eno

A forma como se estabelecem as diversas conjugações entre os ritmos instituídos e as secções de cordas, dando espaço a uma navegação tranquila e melódica, conduzem “Drawn From Life” a territórios até então por explorar, não se esquecendo Brian Eno de introduzir por duas vezes o célebre silêncio, perto do final do álbum, criando esse famigerado espaço para a meditação.

J. Peter Schwalm

Será sempre de referir, como curiosidade, o contributo das duas filhas de Brian Eno, duas crianças que certamente irão dar que falar, na faixa “Bloom” dando espaço à introdução de um certo ambiente doméstico, por onde se irá desenvolver a música de Eno e Peter Schwalm.

Brian Eno & J. Peter Schwalm

“Drawn From Life”, de Brian Eno e Jan Peter Schwalm, revela-nos a permanente evolução em que a Ambient Music se encontra, sempre em busca de novos territórios, mas mantendo-se bem ancorada aos princípios minimais que a norteiam. Estamos assim perante mais um disco surpreendente da denominada Ambient Music.

Rui Luís Lima

Harold Budd / Ruben Garcia / Daniel Lentz - "Music For 3 Pianos"


Harold Budd / Ruben Garcia / Daniel Lentz
"Music For 3 Pianos"
All Saints Records
1992

Harold Budd – piano.
Ruben Garcia – piano.
Daniel Lentz – piano.

1 – Pulse Pause Repeat – 4:15
2 – La Muchacha de Los Sueños Dorados – 4:38
3 – Iris – 2:37
4 – Somos Tres – 2:33
5 – The Messenger – 3:06
6 – La Casa Bruja - 4:38

Harold Budd que nos deixou recentemente, foi desde os anos setenta, uma das mais respeitáveis figuras da denominada “avant-garde” Californiana, tendo nessa mesma década dado aulas de composição no California Institute of Arts.Foi através de Brian Eno, que produziu o fabuloso disco “The Pavilion of Dreams”, que muitos ficaram a conhecer Harold Budd, surgindo mais tarde os trabalhos “The Plateaux of Mirrors” e “The Pearl”, contendo a assinatura de ambos os músicos, para além da colaboração do canadiano Daniel Lanois, cuja admiração por Harold Budd o irá levar a produzir, anos mais tarde, o álbum “La Bella Vista”, um trabalho em piano solo verdadeiramente memorável.

Ruben Garcia, Daniel Lentz & Harold Budd

E por falarmos em piano, é inevitável referir aqui o maravilhoso trabalho intitulado “Music for 3 Pianos”, onde iremos encontrar um trio de pianos que interpreta composições de Harold Budd, Ruben Garcia (que também já partiu) e Daniel Lentz, recorde-se que este último já tinha participado no álbum “Walk Into My Voice” do pianista e compositor Harold Budd, dedicado inteiramente à poesia beatnick.“Music for 3 Pianos” nasceu da inspiração que estes músicos sentem pela obra do compositor Morton Feldman, explorando os seus ensinamentos, para nos oferecerem seis temas em que os três pianos se completam nas suas sonoridades, caminhando de forma mágica por territórios que nos convidam ao sonho, ao mesmo tempo que nos possibilitam explorar os belos sentimentos do silêncio, esse belo espaço tão difícil de encontrar no universo das grandes metrópoles.

A capa da reedição do cd

Harold Budd, que viveu na pequena cidade de Victorville, em pleno deserto Mojave, e os seus dois companheiros desta aventura musical, Ruben Garcia e Daniel Lentz, criam no espaço de 22 minutos seis magnificas composições, que nos convidam a uma profunda meditação, ao mesmo tempo que nos oferecem uma das mais belas obras de sempre, da denominada Ambient Music.


Descobrir “Music for 3 Pianos”, gravado a 2 de Março de 1992 em Los Angeles, por Harold Budd, Ruben Garcia e Daniel Lentz, revela-se uma aventura única no interior da denominada Ambient Music, que nos convida a escutar os nossos próprios sentimentos.

Nota: A editora All Saints Records, fez duas edições deste álbum, uma em digipack e a outra a habitual para CD, no entanto as capas do álbum são diferentes.

Rui Luís Lima

Michael Brook - "Cobalt Blue"


Michael Brook
"Cobalt Blue"
4AD
1992

Michael Brook – guitar, bass, infinite guitar, synthesizer, kalimba, percussion.
Brian Eno – synthesizer, strings, drum programming, treatments, vocals.
Roger Eno – accordion, vibraphone, piano, synthesizer.
Daniel Lanois – bass, drums, percussion.
James Pinker – percussion, drums, bells, synthesizer.
Neil Catchpole – violin.
Hahn Rowe – violin.
Ben Arion – vocals.
Jo Burgess – vocals.

1 – Shona Bridge – 4:36
2 – Breakdown – 4:10
3 – Red Shift – 4:51
4 – Skip Wave – 3:31
5 – Slipstream – 2:05
6 – Andean – 3:33
7 – Slow Breakdown – 2:34
8 – Ultramarine – 4:34
9 – Urbana – 4:05
10 – Lakbossa – 3:40
11 – Ten – 3:49
12 – Hawai – 4:10

Michael Brook

Michael Brook nasceu em Toronto, tendo feito estudos na respectiva universidade, onde conheceu o trompetista Jon Hassell, que o irá apresentar ao compositor minimalista LeMonte Young. Mais tarde irá trabalhar com o produtor canadiano Daniel Lanois, uma das principais figuras da Ambient Music.

Após ter colaborado no trabalho “Fourth World, Vol.1: Possible Musics” de Jon Hassell surge a sua ligação a Brian Eno, que irá perdurar ao longo dos anos, tendo o seu álbum de estreia, “Hybrid”, contado com a participação de Brian Eno e Daniel Lanois. Ao longo da sua carreira musical Michael Brook desenvolveu um intenso trabalho no interior da denominada “World Music”, ao mesmo tempo que assinava diversas bandas sonoras, sendo de destacar os trabalhos “Albino Aligator” e “Inconvenient Truth”.

Michael Brook tem mantido ao longo dos anos uma especial ligação a músicos como os irmãos Brian e Roger Eno, Laraaji, Jon Hassell e David Sylvian, com quem participou na tournée levada a cabo após a saída do álbum “The First Day”, onde o som da sua infinity guitar é bem patente.

“Cobalt Blue” revela-se como a sua obra-prima no interior da Ambient Music, são 12 temas verdadeiramente envolventes que contam com a participação de James Pinker, Brian Eno, Roger Eno e Daniel Lanois, que criam as diversas atmosferas para a célebre infinity guitar de Michael Brook navegar de forma mais-que-perfeita. Os temas “Slip Stream”, “Ondean” e “Urbana” revelam-se verdadeiros duetos ambientais entre Michael Brook e James Pinker, sendo também de destacar a introdução dos violinos de Nell Catchpole nos temas “Slow Breakdown” e “Show Bridge”, que abre o álbum.

A excelente recepção crítica a “Cobalt Blue” levou Michael Brook, a dar um espectáculo no Aquarium de Londres, a 21 de Maio de 1992, onde desenvolveu novas leituras dos temas oriundos de “Cobalt Blue”, dando assim origem ao trabalho “Live at Aquarium”. Se não conhece a música de Michael Brook, o álbum “Cobalt Blue” representa a mais bela porta de entrada para o universo deste guitarrista canadiano.

Rui Luís Lima

Mahavishnu Orchestra - “Apocalypse”


Mahavishnu Orchestra
“Apocalypse”
Columbia/Legacy
1974

Se o ano de 1973 proporcionou a Michael Gibbs a gravação da sua música pelo quarteto de Gary Burton, já em 1974 irá ver gravado o seu magnífico trabalho de orquestração para temas do guitarrista John McLaughlin, dando assim origem ao inesquecível álbum “Apocalypse”, contando na produção com o saber do denominado quinto Beatle, o produtor George Martin.

A Mahavishnu Orchestra de "Apocalypse"

Foi em Março de 1974 que os Air Studios de Londres viram entrar pelas suas portas a nova formação da então célebre Mahavishnu Orchestra, com Jean-Luc Ponty no violino, Gayle Moran nos teclados, Marsha Westbrook na viola, Carol Shive no violino, Philip Huschi no violoncelo, Michael Walden na bateria e percussão, Ralph Armstrong no baixo e John McLaughlin nas guitarras, acompanhados pelos membros da London Symphony Orchestra, que serão dirigidos por Michael Tilson Thomas, que se lançou nesta aventura discográfica de “alma e coração”, tocando ainda o piano no tema “Vision is a Naked Sword”, o único tema cantado (Gayle Moran) e que se encontra dividido em duas partes bem distintas.

John McLaughlin

“Apocalypse”, da Mahavishnu Orchestra, é uma peça única no panorama do encontro entre o jazz e a denominada música erudita e se alguns poderão “torcer o nariz” perante os então célebres solos em crescendo, nascidos da guitarra de dois braços de John McLaughlin, basta escutarem o tema de abertura, o belo “Power of Love”, para serem de imediato cativados pela beleza do diálogo entre a guitarra e o violino de Jean-Luc Ponty, sendo sempre de referir que o violino foi precisamente o instrumento que John McLaughlin tocou nos seus tempos de criança.

Jean-Luc Ponty

Os cinco temas que constituem “Apocalypse”, da Mahavishnu Orchestra, na época o mais célebre grupo de jazz rock a par dos “Return to Forever” de Chick Corea e dos Weather Report, é detentor de trechos de um lirismo puro, para os quais contribuiram decididamente as orquestrações de Michael Gibbs, mas também a direcção desse maestro chamado Michael Tilson Thomas, que não teve receio desta aventura, tal como irá suceder dez anos depois com Pierre Boulez quando decide decide gravar, para espanto de muitos, o célebre “The Perfect Stranger” de Frank Zappa. Decididamente o universo musical não possui fronteiras!

Rui Luís Lima

Jon Hassell / Brian Eno - "Fourth World- Vol.1: Possible Musics"


Jon Hassell / Brian Eno
"Fourth World- Vol.1: Possible Musics"
Editions EG
1980

Jon Hassell – trumpet, synthesizer.
Percy Jones – bass.
Nana Vasconcelos – ghatam, congas, drum.
Aybe Dieng – ghatam, congas.
Brian Eno – guitat, synthesizer.
Michael Brook – bass.
Paul Fitzgerald – electronics.
Jerome Harris – bass.

1 – Chemistry – 6:50
2 – Delta Rain Dram – 3:26
3 – Griot (Over “Contagious Magic”)
4 – Ba-Benzélé – 6:15
5 – Rising Thermal 14º16’N; 32º28’E – 3:05
6 – Charm (Over “Burundi Cloud”) – 21:29

Brian Eno & Jon Hassell

O som produzido pelo trompetista Jon Hassell é de uma originalidade única e desde muito cedo este músico, nascido em Memphis a 22 de Março de 1939, decidiu ser uma das vozes mais originais da Ambient Music.

Após ter efectuado estudos sobre a direcção de Karlheinz Stockhausen, sentiu-se fascinado pelo movimento minimalista, em especial pela obra de La Monte Young e Terry Riley, dois dos pioneiros deste movimento.

Em 1972 estudou música clássica indiana com Pandit Pran Nath, ao mesmo tempo que introduzia o jazz nas suas composições, juntando-lhe ritmos africanos, dando assim origem a um som bem personalizado. Na área do rock colaborou com os Talking Heads, David Sylvian e Peter Gabriel, destacando-se entre outros “Remain in Light”, “Brilliant Trees” e “Passion”, ao mesmo tempo que a sua associação ao mago Brian Eno nos oferecia obras inesquecíveis como este “Fourth World – Vol.1: Possible Musics”, a que se seguiria um segundo álbum intitulado "Dream Theory in Malaya - (Fourth World Vol.2)".

Brian Eno & Jon Hassell
durante a feitura do álbum,

“Fourth World” é uma obra única dividida em dois discos e o seu primeiro volume “Possible Musics”, assinado a duas mãos por Jon Hassell e Brian Eno, é uma verdadeira aventura planetária pelas regiões mais esquecidas do globo, sendo sempre de salientar o contributo desse génio brasileiro chamado Nana Vasconcelos, que infelizmente já nos deixou, com as suas sonoridades bem características.

“Fourth World – Vol.1: Possible Musics” encontra-se dividido em duas partes, sendo a primeira composta por cinco faixas onde, logo a abrir, descobrimos o tema “Chemistry” que surge de forma empolgante a cativar o ouvinte, dando-se assim início a uma viagem onde os ritmos africanos se fundem às paisagens criadas por Brian Eno, sobre as quais o trompete de Jon Hassell vai navegando em toda a sua essência em temas como “Delta Rain Dream”, “Griot (Over “Contagious Magic”), “Ba-Benzélé” e “Rising Thermal”.

Jon Hassell
(1937 - 2021)

Já a segunda parte do disco é um longo e belo tema intitulado “Charm (Over «Burundi Clound»)”, que no vinil ocupa a totalidade do lado-B e onde, mais uma vez, Nana Vasconcelos vai pontuando as intervenções de Jon Hassell e as atmosferas de Brian Eno, ao longo de vinte e dois minutos mágicos, dando assim origem a uma viagem de eterna beleza pelo denominado “Fourth World”.

Descobrir “Fourth World – Vol.1: Possible Musics”, essa obra repleta de magia e invenção, única no género, revela-se um verdadeiro mergulho no interior da soberba originalidade deste músico incontornável chamado Jon Hassell.

Rui Luís Lima

John Abercrombie / Ralph Towner - “Sargasso Sea”


John Abercrombie / Ralph Towner
“Sargasso Sea”
ECM Records
1976

John Abercrombie – electric guitar, acustic guitar.
Ralph Towner – 12-string guitar, classical guitar, piano.

1 – Fable (John Abercrombie) – 8:38
2 – Avenue (John Abercrombie) – 5:15
3 – Sargasso Sea J. Abercrombie / R. Towner)– 3:58
4 – Over and Gone (John Abercrombie) – 2:48
5 – Elbow Room (J. Abercrombie / R. Towner) – 5:08
6 – Staircase – (Ralph Towner) 6:21
7 – Romantic Descension (John Abercrombie) – 3:13
8 – Parasol (Ralph Towner) – 5:24

John Abercrombie
(1944 - 2017)

Este encontro entre Ralph Towner, o Mestre da guitarra de 12 cordas e John Abercrombie que toca como ninguém a tradicional guitarra eléctrica de jazz, oferece-nos momentos ímpares de sonoridades inesquecíveis, onde logo no tema de abertura fica desenhado como convivem bem as cordas do instrumento acústico com o eléctrico.

Mas também há lugar neste maravilhoso “Sargasso Sea” para o encontro entre duas guitarras clássicas e aqui somos subjugados pelo brilhantismo dos seus executantes. A finalizar o álbum, Ralph Towner surge também a tocar piano, um instrumento com que ele convive de forma perfeita, como todos sabemos desde o seu álbum “Diary”, já aqui abordado.

Ralph Towner
(1940)

Aproveito para recordar que John Abercromie e Ralph Towner, cinco anos após a edição deste magnífico “Sargasso Sea”, irão realizar mais um álbum de duetos, intitulado precisamente “Five Years Later”, editado em 1982, que também recomendamos, pois completa de forma perfeita este encontro entre estes dois músicos de excepção do universo musical, que nunca é demais referir.

Gravado em Maio de 1976 no Talent Studios, Oslo, por Jan Erik Kongshaug. Fotografia da capa do álbum de Franco Fontana. Fotografia de Jurgen Muller. Layout e Design de Barbara Wojirsch. Produção de Manfred Eicher.

Rui Luís Lima