quarta-feira, 8 de maio de 2024

Brian Eno - "Ambient 1 - Music For Airports"


Brian Eno
"Ambient 1 - Music For Airports"
Editions EG
1978

Brian Eno – synthesizer, electric piano, vocals.
Robert Wyatt – acoustic piano.
Fred Frith - guitar
Christa Fast – vocals.
Christine Gomez – vocals.
Inge Zeininger – vocals.

1 – 1/1 – 16:30
2 – 2/1 – 8:20
3 – 1/2 - 11:30
4 – 2/2 – 6:00

O universo musical está recheado de episódios criadores de momentos inovadores e o álbum fundador da denominada “Ambient Music” de Brian Eno, intitulado “Music for Airports” é exemplo disso mesmo.


Uma noite em que Brian Eno regressava a casa, a meditar nas gravações efectuadas nesse dia no Estúdio, não reparou no trânsito ao atravessar a rua e foi atropelado por um táxi. Levado para o hospital devido aos ferimentos na cabeça, regressaria mais tarde a casa na companhia de uma amiga, que lhe deixou um disco com música para harpa para ele escutar, deixando-o a tocar no gira-discos, mas só depois de ela sair é que Brian Eno se apercebeu que o som estava demasiado baixo e uma das colunas da aparelhagem stereo não estava a funcionar, por outro lado lá fora chovia e as janelas do seu quarto reproduziam sonoridades, consoante a intensidade da chuva que batia nos vidros. Como se encontrava já deitado e bastante abatido o músico ficou a escutar as sonoridades envolventes que habitavam o seu quarto: a harpa, a chuva e o silêncio que por vezes surgia.

Brian Eno

Estamos em pleno período de Berlin, essa época marcante em que David Bowie troca Londres por essa cidade dividida por um muro e grava com Brian Eno três álbuns históricos: “Low”, “Heroes” e “Lodger” e será na famosa cidade alemã que Brian Eno, através do produtor Conny Plank, grava três trabalhos discográficos com o duo “Cluster” e um com os “Harmonia”, este intenso trabalho musical de Eno leva-o a passar longas horas nos aeroportos entre Londres e Berlin, esperando pelos voos, recorde-se que estamos na década de setenta e o tráfego aéreo era bem diferente do que existe nos dias de hoje. Nessas horas passadas em aeroportos, Brian Eno vai escutando os sons que o rodeiam e decide então, através da sua experiência pessoal, criar “Music for Airports”, que se irá tornar uma obra incontornável e fundadora da música ambiental.

Robert Wyatt

Os temas são criados com a colaboração do baterista dos Soft Machine Robert Wyatt, que irá tocar piano na primeira faixa, intitulada “1/1”, o guitarrista Fred Frith e Eno nos restantes instrumentos, cujas sonoridades nascidas de ciclos repetitivos se irão juntar as vozes femininas de Christa Fast, Christine Gomez e Inge Zeininger, que Brian Eno tinha conhecido no Estúdio do produtor Conny Plank em Berlin.

Fred Frith

“Music For Airports”, de Brian Eno, oferece-nos um convite à meditação, a relaxar e a escutar o som envolvente do espaço que nos rodeia, sempre de uma forma participativa com os movimentos do ouvinte, pois este pode ausentar-se do espaço e ao regressar percebe que a música esperou por ele para retomar o convívio ameno das notas musicais. Por outro lado este trabalho discográfico, datado de 1978 irá ser também fundador de um ciclo musical que Brian Eno irá denominar “Thinking Music” e do qual irão surgir mais três títulos, ao longo dos anos: “Discreet Music”, “Thursday Afternoon” e “Neroli”.

Nota: Na primeira edição em vinil de "Music For Airports" o tema "1/2" tinha uma duração mais curta.

Rui Luís Lima

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