quarta-feira, 8 de maio de 2024

Brian Eno - "Neroli"


Brian Eno
"Neroli"
(Thinking Music Part IV)
All Saints
1993

Brian Eno - composed, recorded, design.

1 - Neroli: Thinking Music, Part IV - 57:56

“Neroli” surge na discografia de Brian Eno como o quarto capítulo da série “Thinking Music”, cujos títulos anteriores foram “Music For Airports”, “Discreet Music” e “Thursday Afternoon”, sendo aquele em que o espaço oferecido ao silêncio nos surge como mais contemplativo e posteriormente desenvolvido nos álbuns “Spinner”, para surpresa de muitos (por acaso deixou o cd tocar/rodar até ao final?) e “Drawn From Life”, tal como fizeram anos antes os King Crimson no álbum “Islands” e Laraaji praticou de forma bem diferente, oferecendo ao ouvinte a possibilidade de incluir o silêncio nas faixas onde desejava no seu magnifico registo discográfico intitulado “Flow Goes The Universe”.


Ao entrarmos na envolvência dos sons que se repercutem no espaço através de uma simples nota, que se dispersa em variantes infinitas, Brian Eno constrói uma peça despida de artifícios, de forma a introduzir o ambiente proporcionador a uma tranquilidade mais-que-perfeita, ao ponto de algumas maternidades no Reino Unido terem usado este trabalho, como refere uma nota impressa no cd, tendo até o próprio artista pensado em criar um tema mais longo do que aquele que se escuta no cd, recorde-se que “Neroli” possui uma única faixa de 57,56 minutos.

Numa excelente colectânea editada por Brian Eno e intitulada “Eno Box I – Instrumentals”, composta de três cds e um livro, podemos encontrar os 4 temas que compõem “Thinking Music” com durações temporais inferiores aos álbuns originais, à excepção do tema fundador “1/1” de “Music For Airports”. Esta magnífica colectânea possui outra caixa intitulada “Brian Eno II – Vocals” também constituída por 3 cds e um livro, ambas são possuidoras de alguns temas bem difíceis de encontrar.


Regressando a “Neroli”, podemos acrescentar que os princípios enunciados para este trabalho discográfico terminam por ser idênticos aos revelados nos discos anteriores, embora desta feita haja espaço a um certo radicalismo em que a “ambient music” surge despida de artifícios, possivelmente como resposta de Brian Eno a uma certa corrente musical intitulada por alguns de New Age, pretendendo por vezes afirmar-se como “ambient music”, o que na verdade não corresponde à verdade.

Vale a pena descobrir como é bela a “Ambient Music” de Brian Eno.

Rui Luís Lima

Sem comentários:

Enviar um comentário